quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Suicídio



O termo "suicídio'' foi utilizado pela primeira vez em 1737 por Desfontaines. O significado tem origem no latim, na junção das palavras ''sui'' (si mesmo) e ''caederes'' (ação de matar). Esta conotação especifica a morte intencional ou auto-infligida. Num aspecto geral, o suicídio é um ato voluntário por qual um indivíduo possui a intenção e provoca a própria morte. Pode ser realizado através de atos (tiro, envenenamento ou enforcamento) ou pela omissão (greve de fome).

É considerada tentativa de suicídio qualquer ato não fatal de auto-mutilação ou de auto-envenenamento. A intenção da morte não deve ser incluída nesta definição, pois nem sempre é manifestada. A gravidade da tentativa deve relacionar-se com a "potencialidade autodestrutiva" do método utilizado, com a probabilidade de uma intervenção de terceiros.

O suicídio é a conseqüência de uma perturbação psíquica. A tensão nervosa que envolve, e culmina nos conflitos intrapsíquicos de gravidade acentuada, transtorna a tal ponto que a morte torna-se único refúgio e a inevitável solução dos problemas. Inconscientemente, o suicida tentou depositar a culpa de sua morte nos outros indivíduos que compõe seu ambiente social, principalmente nos familiares. Neste caso o suicídio funciona como um ''castigo''. É como revidar uma agressão do ambiente que o envolve.
Na civilização romana a morte não era significativa, importante era a forma de morrer: com dignidade e no momento certo. Para os primeiros cristãos, a morte equivalia à libertação, pois a doutrina pregava que a vida era um "vale de lágrimas e pecados". Nesse momento a morte surgia como um atalho ao paraíso.

Nos séculos V e VI os Concílios de Orleans , Braga e Toledo proibiram as honras fúnebres aos suicidas, e determinaram que mesmo aquele que não tivesse obtido sucesso em uma tentativa deveria ser excomungado. Assim o suicídio passou a ser considerado um crime que poderia implicar na condenação à morte dos que fracassavam. Os familiares dos suicidas eram deserdados e vilipendiados enfrentando os preconceitos sociais. Apenas na Renascença a humanidade dos suicidas foi reconhecida, o romantismo desse período forjou em torno do tema uma determinada áurea de respeitabilidade.

Alguns fatores são comuns à indivíduos que tentaram ou cometeram suicídio. Por exemplo, é mais freqüente nas idades que delineiam as fronteiras da vida, como a puberdade e a adolescência, e entre a maturidade e a velhice. Porém, a faixa etária compreende genericamente dos 15 aos 44 anos.

Um ponto significativo à ser analisado, é que os casos de suicídios foram extremamente raros nos campos de concentração, o que reforça a evidência de que as condições exteriores (mesmo as mais brutais) não explicam o fenômeno. Além disso, o suicídio é mais comum em nações ricas e ocorre com mais freqüência nas classes médias.

Por razões não completamente esclarecidas, as mulheres cometem 3 vezes mais tentativas de suicídio que os homens. No entanto os homens são mais eficazes. Isto porque o sexo feminino recorre aos métodos mais brandos como o envenenamento. Enquanto os homens usam armas de fogo, tendem ao afogamento, enforcamento ou saltando de grandes altitudes.
A depressão também está aliada aos casos de suicídio. Porém, no auge das crises depressivas o indivíduo fica menos vulnerável a tais tentativas. Isto porque a depressão é caracterizada principalmente pela desmotivação, desinteresse e letargia do raciocínio. Nesse momento o indivíduo não se dispõe a nenhuma atividade, inclusive o ato de se matar. Alcançado este estágio, a tendência é a omissão, que também é considerado uma das formas de suicídio.

Jovens Suicidas
Entre os jovens (faixa etária que compreende dos 15 aos 24 anos) o suicídio já é a terceira causa de morte, atrás apenas dos acidentes e homicídios.
Os conflitos mais comuns que desencadeiam os suicídios entre os jovens são encontrados na educação, criação e conduta familiar dos indivíduos. O sentimento de culpa imposto pelas chantagens emocionais, agressões, castigos exagerados, criação e imposição de uma auto-imagem irreal ao indivíduo, o abandono afetivo e a superproteção são as principais causas dos suicídios cometidos entre os jovens. A soma desses, e outros fatores menos relevantes resultam numa desorganização da personalidade em desenvolvimento, desequilibra continuamente o sistema nervoso e desencontra o indivíduo do seu ego. Por conseqüências superficiais temos o bloqueio intelectual, a constante desmotivação pelas atividades cotidianas (como os estudos), a necessidade de uma fuga psíquica e o entorpecimento mental. Novamente o suicídio é o resultado mais grave dos desequilíbrios.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Expectativa... Não quero essa sensação em mim!

A Psicóloga Rosemeire Zago escreveu um artigo muito interessante sobre expectativas... Confesso que procurei esse tema por conta do último dorama que assisti...
Ela começa dizendo que é muito comum criarmos expectativas sempre que estamos em um projeto ou querendo obter algum resultado de algo que esperamos.
A espera do resultado sempre gera ansiedade e expectativa. A maioria de nós sempre espera que certas coisas aconteçam de uma certa maneira. O que dizer quando estamos dentro de um relacionamento instável e ficamos sempre esperando um telefonema, a presença constante, uma atitude?
As expectativas são o que pensamos que deve acontecer como resultado do que fazemos, dizemos ou planejamos. E a decepção é inevitável quando as coisas não saem como planejamos. Você espera pelo aumento que acredita merecer.
Você espera ser amada para sempre. Deseja nunca mais ser abandonada. Espera que seus amigos a compreendam quando mais precisa deles. Espera não ser julgada nem criticada quando algo não dá certo.
Quando somos frustrados em nossas expectativas, nossos medos mais secretos podem surgir, como o medo de não mais ser amada, ser abandonada, rejeitada. A sensação de que não temos valor, que não valeu à pena a espera, que já sofremos tanto, por que de novo, por que comigo, são alguns dos pensamentos que tomam conta de nossa mente.
Esperamos sem nada fazer quando acreditamos no pensamento mágico, em nossas fantasias e desprezamos os dados de realidade. Suas expectativas são coerentes com a realidade? Talvez seja uma pergunta importante para explorar.
Muitas vezes a realidade está muito distante de nossas expectativas, mas a ignoramos.
A expectativa consome nossa paciência, harmonia e equilíbrio interno. Parece que quanto mais esperamos mais difícil se torna chegar ao resultado. E nesse compasso de espera, como nem sempre temos controle de tudo, nos decepcionamos.
Com isso, acho importante nesse ano não criar muitas expectativas a respeito de nada.
Meu objetivo é esse...Enquanto estiver nesse plano, viverei sem expectativas e aceitarei o que tiver que vir, acho que dessa forma, conseguirei conviver melhor com meus "fantasmas" internos.
Fica a dica miguxos! ^^

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Ás vezes ficamos assim... Meio Clarice Linspector...

Sabe aqueles dias que nada começam bem?
Pois é, hoje foi um destes, acordei passando muito mal, mas tinha que ir trabalhar, então passei o dia inteiro mal, aff! Ninguém merece... Agora a tarde, me animei um pouco ao ver um poema que curto pencas da maravilhosa Clarice Linspector. Só vou compartilhar e rezar para que o relógio voe! ^^



Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Ser ou Não Ser - Kant

A idéia é fazer uma análise, ou mesmo uma reflexão sobre a importância do pensamento de Kant em relação a questão do conhecimento.
Mas num primeiro momento te vem a seguinte indagação... Quem foi Kant?
Alguns podem responder:  - Ah, Kant foi um filósofo...
Eu respondo:
Immanuel Kant (Königsberg, 22 de abril de 1724 — Königsberg, 12 de fevereiro de 1804) foi um filósofo prussiano, geralmente considerado como o último grande filósofo dos princípios da era moderna, indiscutivelmente um dos pensadores mais influentes.
No século XVIII Kant tenta saber qual o limite da razão, para ele o conhecimento nasce da experiência que temos do mundo, mas essa experiência passa  primeiro por um filtro...
Para entender melhor sobre esse filtro, imagine que você é um fotógrafo à procura de um belo retrato da sua cidade, as lentes de sua máquina tentam delimitar o melhor enquadramento da imagem... Um fotógrafo capta alegria, tristeza, enfim, capta emoção!!Se parar pra pensar, a fotografia paraliza o momento e como eu, muitas pessoas odeiam tirar foto porque sabem que se ficar "mal" naquela foto, não tem como "ajeitar"... As máquinas digitais de hoje acabam melhorando a situação, pois te dá a possibilidade de excluir e tentar novamente, mas pense em fotografia de trinta anos atrás...
Bem, voltando ao tema, a nossa percepção também é uma lente que "enquadra e delimita" a realidade.
Kant dizia que todas as sensações que temos passam por filtros que são denominados por ele os nossos 5 sentidos e o sistema nervoso central. De maneira mais simplificada podemos dizer que somos um "aparelho de percepções" Esse aparelho determinará a forma como iremos perceber a realidade.
Imagine as lentes de um microscópio, ela nos leva ao invisível!
As lentes também podem nos guiar a galáxias muito distantes, para isso, para termos essa percepção, temos que ir por exemplo a um observatório e utilizarmos um telescópio, esse aparelho é capaz de "enquadrar" estrelas e planetas que estão há anos luz...
A questão é que cada lente impõe uma visão de mundo diferente e essa é a idéia central de Kant. Ele acreditava que nossa razão tem uma espécie de lente, um filtro que dá sentido ao que percebemos... Essa lente é a noção de tempo e espaço! É como se o tempo e o espaço estivesse dentro de nós, em nossa consciência. O mundo não é ordenado, a ordem que nos parece perceptível acaba sendo produto da nossa razão. Nossa razão produz recortes da realidade assim como fazemos ao tirar uma fotografia.
Pegue uma fotografia que foi tirada em uma festa, vamos supor que você tenha se destacado com amigos, ao redor você verá que infinitas coisas estão sendo feitas. O que geralmente acontece é que você enquadra, fixa e acaba emoldurando a realidade!
Kant acreditava que não podemos conhecer tudo, porque nossa percepção é mesmo limitada, só registramos o que "nosso aparelho de percepção" capta. A medida que vemos, ouvimos, sentimos, acabamos por perceber a realidade ao nosso redor...
Temas como alma, Deus, Infinito... são questões que estão além da compreensão racional, pelo menos essa era opinião de Kant à respeito!
Esse é um pequeno estudo e espero que gostem! ^^

1º Livro da Série As Crônicas de Gelo e Fogo – George R. R. Martin


Título Nacional: A Guerra dos Tronos
Ano de Lançamento: 2010
Número de Páginas: 592 páginas
Editora: Leya
Tradutor: Sem Informação
Título Original: A Game of Thrones
Ano de Lançamento: 1996 (UK)
Número de Páginas: 672 páginas (UK)
Editora: Bantam Books (UK)

Sinopse:
Em ‘A Guerra dos Tronos’, o primeiro livro da série ‘As Crônicas de Gelo e Fogo’, George R. R. Martin traz uma história de lordes e damas, soldados e mercenários, assassinos e bastardos, que se juntam em um tempo de presságios malignos. Cada um esforçando-se para ganhar este conflito mortal – a guerra dos tronos. Mistérios, intrigas, romances e aventuras ilustram as páginas deste livro.

Estava Sem saber o que postar hoje, às  vezes acontece né? Em um primeiro momento pensei em postar algo reflexivo, algo sobre a filosofia de Kant, mas não me senti segura o suficiente e de repente a Carol me chama no face para me falar sobre uma série... Puts já estou super empolgada com a idéia de conhecer algo novo!!

A série se chama Game of Thrones, é baseada na série de livros de George R. R. Martin. E como não quero me esquecer... Quero muito esse livro.... ai ai
Quero deixar meu agradecimento público, valeu Carol!

sábado, 7 de janeiro de 2012

Sobre Verdade!


A Concepção de verdade...
A nossa idéia contemporânea de verdade foi construída ao longo de séculos, desde a antiguidade, misturando a concepção grega, latina e hebraica.
Em grego, a verdade (aletheia) significa aquilo que não está oculto, o não escondido, manifestando-se aos olhos e ao espírito, tal como é, ficando evidente à razão.
Em latim, a verdade (veritas) é aquilo que pode ser demonstrado com precisão, referindo-se ao rigor e a exatidão.
Assim, a verdade depende da veracidade, da memória e dos detalhes.
Em hebraico, a verdade (emunah) significa confiança, é a esperança de que aquilo que é será revelado, irá aparecer por intervenção divina.
Em outras palavras, a verdade é convencionada pelo grupo que possui crenças em comum.
A união destes conceitos fez com que Tomás de Aquino terminasse definindo a verdade como expressão da realidade, a concepção em voga entre nós no senso comum até hoje.

Um dia, a Verdade andava visitando os homens sem roupas e sem adornos, tão nua como o seu nome. E todos que a viam viravam-lhe as costas de vergonha ou de medo e ninguém lhe dava as boas vindas.
Assim, a Verdade percorria os confins da Terra, rejeitada e desprezada.
Uma tarde, muito desconsolada e triste, encontrou a Parábola, que passeava alegremente, num traje belo e muito colorido.
- Verdade, por que estás tão abatida? - perguntou a Parábola.
- Porque devo ser muito feia já que os homens me evitam tanto!
- Que disparate! - riu a Parábola - não é por isso que os homens te evitam.Toma, veste algumas das minhas roupas e vê o que acontece.
Então a Verdade pôs algumas das lindas vestes da Parábola e, de repente,por toda à parte onde passa era bem-vinda.
- Pois os homens não gostam de encarar a Verdade nua; eles a preferem disfarçada.

                                                                                                    (Conto Judaico)
A verdade é uma palavra tão simples mas que ao mesmo tempo evoca tanta responsabilidade, sei lá!
Estou aprendendo aos poucos que não devemos ver a verdade como sendo absoltuta em determinados casos... A verdade se mostrará de maneiras bem diferentes à partir do ponto de vista de cada um... A minha verdade pode ser completamente diferente da sua verdade e nem por isso, somos mentirosos!!

Puts, complexo!
Vou tentar exemplificar ok?
Jorge Amado em seu romance, Os subterrâneos da Liberdade (1954) conta a história "não oficial" da época da ditadura Vargas. Os fatos históricos são  vivenciado por personagens diferentes... Ali temos um ponto de vista "fictício". Mas vamos voltar aquela época em especial... Quantas pessoas relatarão sentimentos, sensações extremamente diferentes? Não é preciso fazer coleções de livros com relatos daquela época, isso poderia até ser complicado de fazer...rsrs
Basta apenas você ter a oportunidade de conversar com um idoso à respeito... Dependendo da crença, do ofício, enfim, sua percepção do momento pode ser alterada, mas de qualquer forma a verdade dele é aquela, ao menos pra ele.

Com esse conto Judaico, percebo que de fato a verdade é e sempre será linda, mas dependendo das "vestes", ou das situações em que a verdade se apresente, ela pode ser melhor recebida ou não...
O bacana mesmo nessa reflexão é se ter a idéia e que não há verdade absoluta!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Sobre O Tempo!


Olá, eu sei, não postei ontem e quase não posto hoje também... Tudo por causa do tempo... Tempo, estamos em pleno século XXI e sempre que penso no tempo (de maneira geral) me faço várias indagações... Trabalho "pencas" pra ter alguma coisa, na verdade, a maioria das pessoas fazem o mesmo, na esperança de ser reconhecido, de se realizar e te pergunto, pra quê?
Se trabalhamos e nos ocupamos pra ganhar dinheiro e podermos fazer algo de interessante em nossas vidas, não te parece meio ilógico você não ter tempo pra fazer o que te dá prazer?

Pensando nisso, vou postar um texto de alguém que sou fã: Arnaldo Jabor.
Quem me conhece sabe que me amarro e espero que vocês gostem tbm, ok?



NOSSOS DIAS MELHORES NUNCA VIRÃO?
 


Ando em crise, numa boa, nada de grave. Mas, ando em crise com o tempo. Que estranho "presente" é este que vivemos hoje, correndo sempre por nada, como se o tempo tivesse ficado mais rápido do que a vida, como se nossos músculos, ossos e sangue estivessem correndo atrás de um tempo mais rápido.

As utopias liberais do século 20 diziam que teríamos mais ócio, mais paz com a tecnologia. Acontece que a tecnologia não está aí para distribuir sossego, mas para incrementar competição e produtividade, não só das empresas, mas a produtividade dos humanos, dos corpos. Tudo sugere velocidade, urgência, nossa vida está sempre aquém de alguma tarefa. A tecnologia nos enfiou uma lógica produtiva de fábricas, fábricas vivas, chips, pílulas para tudo.

Temos de funcionar, não de viver. Por que tudo tão rápido? Para chegar aonde? A este mundo ridículo que nos oferecem, para morrermos na busca da ilusão narcisista de que vivemos para gozar sem parar? Mas gozar como? Nossa vida é uma ejaculação precoce. Estamos todos gozando sem fruição, um gozo sem prazer, quantitativo. Antes, tínhamos passado e futuro; agora, tudo é um "enorme presente", na expressão de Norman Mailer. E este "enorme presente" é reproduzido com perfeição técnica cada vez maior, nos fazendo boiar num tempo parado, mas incessante, num futuro que "não pára de não chegar".

Antes, tínhamos os velhos filmes em preto-e-branco, fora de foco, as fotos amareladas, que nos davam a sensação de que o passado era precário e o futuro seria luminoso. Nada. Nunca estaremos no futuro. E, sem o sentido da passagem dos dias, da sucessibilidade de momentos, de começo e fim, ficamos também sem presente, vamos perdendo a noção de nosso desejo, que fica sem sossego, sem noite e sem dia. Estamos cada vez mais em trânsito, como carros, somos celulares, somos circuitos sem pausa, e cada vez mais nossa identidade vai sendo programada. O tempo é uma invenção da produção. Não há tempo para os bichos. Se quisermos manhã, dia e noite, temos de ir morar no mato.

Há alguns anos, eu vi um documentário chamado Tigrero, do cineasta finlandês Mika Kaurismaki e do Jim Jarmusch sobre um filme que o Samuel Fuller ia fazer no Brasil, em 1951. Ele veio, na época, e filmou uma aldeia de índios no interior do Mato Grosso. A produção não rolou e, em 92, Samuel Fuller, já com 83 anos, voltou à aldeia e exibiu para os índios o material colorido de 50 anos atrás. E também registrou, hoje, os índios vendo seu passado na tela. Eles nunca tinham visto um filme e o resultado é das coisas mais lindas e assustadoras que já vi.

Eu vi os índios descobrindo o tempo. Eles se viam crianças, viam seus mortos, ainda vivos e dançando. Seus rostos viam um milagre. A partir desse momento, eles passaram a ter passado e futuro. Foram incluídos num decorrer, num "devir" que não havia. Hoje, esses índios estão em trânsito entre algo que foram e algo que nunca serão. O tempo foi uma doença que passamos para eles, como a gripe. E pior: as imagens de 50 anos é que pareciam mostrar o "presente" verdadeiro deles. Eram mais naturais, mais selvagens, mais puros naquela época. Agora, de calção e sandália, pareciam estar numa espécie de "passado" daquele presente. Algo decaiu, piorou, algo involuiu neles.
Lembrando disso, outro dia, fui atrás de velhos filmes de 8mm que meu pai rodou há 50 anos também.

Queria ver o meu passado, ver se havia ali alguma chave que explicasse meu presente hoje, que prenunciasse minha identidade ou denunciasse algo que perdi, ou que o Brasil perdeu... Em meio às imagens trêmulas, riscadas, fora de foco, vi a precariedade de minha pobre família de classe média, tentando exibir uma felicidade familiar que até existia, mas precária, constrangida; e eu ali, menino comprido feito um bambu no vento, já denotando a insegurança que até hoje me alarma. Minha crise de identidade já estava traçada. E não eram imagens de um passado bom que decaiu, como entre os índios.
Era um presente atrasado, aquém de si mesmo. A mesma impressão tive ao ver o filme famoso de Orson Welles, It's All True, em que ele mostra o carnaval carioca de 1942 - únicas imagens em cores do País nessa década. Pois bem, dava para ver, nos corpinhos dançantes do carnaval sem som, uma medíocre animação carioca, com pobres baianinhas em tímidos meneios, galãs fraquinhos imitando Clark Gable, uma falta de saúde no ar, uma fragilidade indefesa e ignorante daquele povinho iludido pelos burocratas da capital. Dava para ver ali que, como no filme de minha família, estavam aquém do presente deles, que já faltava muito naquele passado.

Vendo filmes americanos dos anos 40, não sentimos falta de nada. Com suas geladeiras brancas e telefones pretos, tudo já funcionava como hoje. O "hoje" deles é apenas uma decorrência contínua daqueles anos. Mudaram as formas, o corte das roupas, mas eles, no passado, estavam à altura de sua época. A Depressão econômica tinha passado, como um grande trauma, e não aparecia como o nosso subdesenvolvimento endêmico. Para os americanos, o passado estava de acordo com sua época. Em 42, éramos carentes de alguma coisa que não percebíamos. Olhando nosso passado é que vemos como somos atrasados no presente. Nos filmes brasileiros antigos, parece que todos morreram sem conhecer seus melhores dias.

E nós, hoje, nesta infernal transição entre o atraso e uma modernização que não chega nunca? Quando o Brasil vai crescer? Quando cairão afinal os "juros" da vida? Chego a ter inveja das multidões pobres do Islã: aboliram o tempo e vivem na eternidade de seu atraso. Aqui, sem futuro, vivemos nessa ansiedade individualista medíocre, nesse narcisismo brega que nos assola na moda, no amor, no sexo, nessa fome de aparecer para existir. Nosso atraso cria a utopia de que, um dia, chegaremos a algo definitivo. Mas, ser subdesenvolvido não é "não ter futuro"; é nunca estar no presente.
                                                                              Arnaldo Jabor

domingo, 1 de janeiro de 2012

Viver bem por Cora Coralina!

Hoje é o 1° dia do ano, considerado, " o ano do fim do mundo" rs.
Na real estou querendo me organizar, mas sabe quando bate aquela preguiça?? Puts, é cúmulo da preguiça sentir preguiça no 1° dia do ano! Aff!
Tenho que organizar horários, levar mais a sério minha faculdade, mas confesso que por causa do volume de trabalho que tenho, acabo chegando em casa exausta! Well, é o preço que temos a pagar!
Passei a madrugada assistindo Dorama com a Anninha e gostaria de agradecer a Márcia, que há algum tempo havia recomendado...Se eu soubesse que era tão bom, puts, teria me permitido assistir mais cedo.
Queria me retratar com o Gaara tbm, puts foi mal não ter ido lá, mas meo choveu e eu sou quase como açúcar, saca? kkkkkkkkkkkkk (eu e a Anne)
Mudando um pouco de assunto:
Em poucos dias farei aniversário, sempre curti muito a data, na verdade curti pencas até o ano passado. Vms ver como será esse ano, né?
Toda vez que páro e penso nesse tipo de coisa, minha mente se remete a assuntos reflexivos, vou compartilhar um desses que me veio a memória agora:
                                                       
                                                "Viver bem"



Um repórter perguntou à Cora Coralina o que é viver bem.
Ela lhe ...
disse:

Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo pra você, não pense.
Nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo que estou velha, e não digo que estou ouvindo pouco.
É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.

Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida. O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia.
Também não diga pra você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.
Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima. Eu não digo nunca que estou cansada.

Nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica.
Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio!
Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha, não. Você acha que eu sou?

Posso dizer que eu sou a terra e nada mais quero ser. Filha dessa abençoada terra de Goiás.
Convoco os velhos como eu, ou mais velhos que eu, para exercerem seus direitos.
Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo.

Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.

O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.
Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança.

Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende.

Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.

(Cora Coralina)


Realmente, sábias palavras, no caminho incerto da vida, o que mais importa é o decidir!
Confesso que não costumo ser tão otimista, de um tempo pra cá,  me percebo mais cética e realista do que jamais fui em toda minha vida, será que posso aprender a ter essa mesma visão da querida Cora Coralina?
Quem sabe...
Deixo vcs com essa reflexão, ok?
Bjs no Core!